A boa nova brasileira do restaurante Emiliano

Emiliano -crudo de wagyu
Crudo de wagyu com pólen

Ingredientes regionais nos bons restaurantes eram uma raridade há três décadas. Parecia uma vergonha usar frutas, folhas e legumes até então confinados a cozinhas domésticas. Foi preciso que chefs franceses, como Laurent Suaudeau e Claude Troisgros, incluíssem jabuticaba, mandioquinha (baroa), maracujá, jaca, pitanga e outras “coisas nossas” nos pratos para que o pudor caísse. Depois, Alex Atala passou a valorizar produtos inéditos, sobretudo da Amazônia.

Hoje, o orgulho nacional é um componente de boas cozinhas e muitos chefs fazem pesquisas e criam pratos usando, por exemplo, um simples coquinho da Caatinga, o licuri. Como Breno Berdu, do restaurante Emiliano, no hotel de mesmo nome em São Paulo, que aceitou o desafio de abrasileirar o cardápio, principalmente com o Menu Origens, onde desfila seu talento em pratos como o divertido e gostoso espaguete de pupunha com molho de moqueca baiana e camarões (tem versão vegetariana); a tilápia em crosta de sementes de mamão e coentro com gremolata de licuri e legumes orgânicos; as fatias de cogumelos eryngui com azeite de castanha-do-pará, shoyu e castanha de baru; o crudo de wagyu com pólen de abelhas brasileiras sem ferrão e PANCS (plantas alimentícias não-convencionais); o simbolicamente caseiro e gostoso bife de paleta de angus com feijão manteiguinha, farofa e ovo de codorna e o marcante polvo com tomates orgânicos, batatinhas ao murro e linguiça picante.

Emiliana - bife de paleta
Bife de paleta com feijão manteiguinha

Para terminar, uma sobremesa que une técnica e toda a potência do chocolate em versão cremosa 70% cacau, mais cumaru e sorbet do fruto do cacau. Palmas para o chef que, além do Menu Origens, oferece a Experiência Emiliano, com três ou cinco pratos, e o menu Direto ao Ponto, para opções à la carte.

Mas o hóspede do hotel ou frequentador do restaurante não vai encontrar apenas as novidades brasileiras. Quem desejar caviar, massa com trufas negras ou arroz de faisão, encontra, assim como um simpático galeto assado ao molho de limão e alecrim ou a infalível lasanha à bolonhesa.

Emiliano - chef Breno Berdu

Breno Berdu, 39 anos, natural de Franca, interior de São Paulo, formou-se cozinheiro pelo Senac-SP e, em 2005, estagiou no D.O.M. Restaurante, de Alex Atala. Depois, passou por grandes cozinhas, como a do restaurante EAU, do hotel Grand Hyatt, e do Cirque du Soleil. Assumiu a cozinha de eventos do Grupo D.O.M. a partir de fevereiro de 2016 e agora está há dois meses no comando do Emiliano.

 

 

 

 

Melhor chef mulher do mundo? A mexicana Daniela

Best Female Chef 2019 Daniela Soto-Innes 6

A mexicana Daniela Soto-Innes, chef e sócia do restaurante Cosme, em Manhattan, é a Melhor Chef Mulher do Mundo 2019 segundo a premiação World’s 50 Best Restaurants. Ela se junta a outras cozinheiras de prestígio, como Clare Smyth (escolhida em 2018), Ana Roš (2017), Dominique Crenn (2016), Hélène Darroze (2015), a brasileira Helena Rizzo (2014), Nadia Santini (2013), Elena Arzak (2012) e Anne-Sophie Pic (2011).

Daniela Soto-Innes mudou-se para os Estados Unidos aos 12 anos e sua intenção era a de iniciar treinamentos no esporte, sobretudo natação. Mas aos poucos, e tendo crescido na cozinha junto a três gerações de mulheres de sua família que eram cozinheiras profissionais, a paixão pela culinária falou mais alto. Estudou no México e depois viajou pelos Estados Unidos e ao redor do mundo, estagiando em restaurantes de diferentes estilos. Depois de trabalhar no Pujol, na Cidade do México, Daniela Soto-Innes criou o restaurante Cosme em Nova York junto com o celebrado chef Enrique Olvera, em 2014. Menos de um ano após a abertura do restaurante de comida mexicana contemporânea, foi promovida ao posto de co-chefe executiva associada e recebeu três estrelas do New York Times, entre outros prêmios.

O anúncio do nome de Daniela para o oficialmente chamado elit™ Vodka World’s Best Female Chef 2019 antecede a premiação geral do World’s 50 Best Restaurants 2019 que ocorrerá em Singapura no dia 25 de junho.

Le Squer no Le Cinq: a conquista das estrelas

Le Cinq - timbale de homard

A estratégia deu certo: o grupo hoteleiro de luxo Four Seasons não se conformava em ver, ano após ano, seu melhor restaurante no fabuloso Georges V de Paris, o Le Cinq, patinar nas duas estrelas do Michelin, o incontestável guia que diz quem é quem nas altas esferas da gastronomia francesa. Após contratar o discreto chef Christian Le Squer em outubro de 2014, o restaurante chegou ao cume das 3 estrelas no guia lançado agora em fevereiro.

Missão cumprida para este bretão que sonhava ser marinheiro, preferiu forno e fogão e trouxe para eles a magia ao trabalhar peixes e frutos do mar de sua terra natal. É verdade que já chegou ao Le Cinq com a fama das 3 estrelas no Pavillon Ledoyen, seu restaurante anterior, mas vencer a resistência do conservador Michelin, que costuma esperar alguns anos para referendar trocas de chefs, foi uma proeza.

Um leitor do Michelin escreveu: “O chef Christian Le Squer é um criador de aromas e um maravilhoso compositor de sabores. O restaurante Le Cinq merece seguramente essa terceira estrela para se alçar ao panteão da gastronomia francesa”. O homard (lagosta da Bretanha) com spaghetti trufado em “timbale” (enformado) que o chef faz confirma a impressão. E a foto acima ratifica.

Le Cinq se notabiliza também por sua inacreditável carta de vinhos assinada por Éric Beaumard e suas mais de 50 mil garrafas na adega. Os menus degustação vão de 145 a 310 euros por pessoa.

Le Cinq

 

 

Comida saudável pode engordar!

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Depois dos excessos de fim de ano, sempre vem a sensação de culpa no primeiro banho de mar ou de piscina, quando o biquíni ou o calção de banho do ano passado parecem ter encolhido. É o momento de glória para nutricionistas, estrelas de programas de tv e de revistas com suas receitas infalíveis de salada de repolho e meia cenoura ralada. Mas um novo estudo publicado no americano “Journal of the Association for Consumer Research” apontou, em pesquisa com três grupos de estudantes, que os alimentos ditos saudáveis saciam menos a fome do que os amaldiçoados e diabolicamente atrativos, como os gordos sanduíches ou, cá entre nós, uma suculenta feijoada. E com a fome não inteiramente domada eles comeram mais do que o normal.

Os pesquisadores concluíram que os mercados estão cada vez mais repletos de produtos apresentados como saudáveis e eles acabam provocando uma comilança “sem culpa”. Daí, a obesidade que chega aos poucos, suavemente… Sempre me lembro, quando leio essas notícias, do grande ensinamento da velha e honrada medicina chinesa: ouça o seu corpo. Sabe quando bate aquela vontade de beber um suco de melancia? Ou de comer feijão, arroz, bife e batata frita? Seu metabolismo está mandando uma mensagem. Vai nessa!

Para alegrar o verão

Ainda em dúvida sobre boas borbulhas para as festas e o verão? E com preço atrativo? Uma opção tranquila é o Cavas Hill que, como o nome aponta, é um cava (espumante) espanhol, da Catalunha. São feitos com uvas de nomes curiosos para nós: Xarel-lo, Macabeo e Perellada, e o método de elaboração é o mais sofisticado, o champenoise, pelo qual a segunda fermentação responsável pelo surgimento do gás carbônico provocador das borbulhas acontece lentamente na própria garrafa.

O Cavas Hill 1887 Brut tem a acidez agradável que se espera dessa bebida ligada às comemorações, à piscina e à praia, mas com uma estrutura de gosto bem definida, gostosa e alegre lembrando frutas maduras. Vai bem como aperitivo e frutos do mar. Custa em média R$74.

E o Cavas Hill Vintage Brut Reserva, também com as três uvas citadas, tem aquele aroma atrativo de pão recém saído do forno, além de frutas secas que se refletem no paladar. Isso se deve sobretudo aos 15 meses da segunda fermentação nas caves subterrâneas da vinícola, uma das mais tradicionais da região catalã de Penedès. Peixes grelhados e no forno, além de aves, apreciam sua companhia. Seu preço médio é de R$128.

São importados pela Cantu: (11) 2144-4464 http://www.cantuimportadora.com.br

Uma bela ação

O Piknik Faria Lima, parque com comida de rua no cruzamento da Avenida Rebouças com a Avenida Faria Lima, em São Paulo, está realizando, junto com o Instituto de Reintegração do Refugiado (ADUS), o projeto Sabores & Lembranças.

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Um quiosque receberá a cada mês uma nova família de refugiados que servirá ao público pratos típicos do seu país de origem, visando criar oportunidades para que consigam se estabelecer no Brasil e iniciar seu próprio negócio.

Além da gastronomia, o espaço irá promover o diálogo entre estrangeiros e brasileiros, facilitando o intercâmbio cultural e a adaptação das famílias que deixaram suas terras de origem para fugir de guerras ou por serem vítimas de perseguição decorrentes de etnia, religião, opinião política, orientação sexual, nacionalidade ou associação a determinado grupo social.

De 21 de novembro a 21 de dezembro a família do engenheiro sírio Talal Al-Tinawi estará inaugurando o quiosque. Entre as outras atividades previstas, refugiados da África irão contar histórias sobre sua cultura e culinária, expor suas obras de arte e trabalhos artesanais.

O Piknik Faria Lima conta com food trucks, food bikes e quiosques com cerca de 30 opções gastronômicas. Fica a berto de segunda a quarta, das 11h às 16h, de quinta à sábado, das 11h às 22h, e aos domingos, das 11h às 20h. Av. Rebouças, 3128, com acesso pela Rua Henrique Monteiro, 125. Metrôs Faria Lima e Fradique Coutinho.

Facebook: /piknikfarialima

50 melhores bares do mundo

Artesian
Artesian

Não, infelizmente não há nenhum bar brasileiro na lista dos 50 melhores do mundo, segundo a revista Drinks International em sua edição de outubro. O primeiro, e pelo quarto ano consecutivo, é o Artesian, de Londres, onde os drinques clássicos, como o Negroni ou o Langham Martini, custam 17 libras (cerca de R$100). Londres, aliás, emplaca cinco bares entre os 10 melhores, confirmando sua forte tradição etílica. Para os viajantes e curiosos em saber onde se bebe bem e muitas vezes com ótima comida, essa é a lista.

1) Artesian, Londres

2) The Dead Rabbit Grocery & Grog, Nova York

3) Nightjar, Londres

4) Employees Only, Nova York

5) American Bar, Londres

6) The Baxter Inn, Sidney

7) 28 Hongkong Street, Singapura

8) Happiness Forgets, Londres

9) Connaught Bar, Londres

10) Black Pearl, Melbourne

11) Attaboy, Nova York

12) Candelaria, Paris

13) High Five, Tóquio

14) The Broken Shaker, Miami

15) Canon, Seattle

16) Buck & Breck, Berlim

17) Imperial Craft, Tel Aviv

18) Lobster Bar, Hong Kong

19) Le Lion Bar de Paris, Hamburgo

20) Licoreria Limantour, Cidade do México

21) The Jerry Thomas Project, Roma

22) The Clumsies, Atenas

23) Maison Premiere, Nova York

24) Elephant Bar, Nova York

25) The Everleigh, Melbourne

26) White Lyan, Londres

27) Beaufort Bar, Londres

28) Bulletin Place, Sidney

29) Aviary, Chicago

30) Tales & Spirits, Amsterdam

31) Smuggler’s Cove, San Francisco

32) Delicatessen, Moscou

33) Door 74, Amsterdam

34) Ruby, Copenhague

35) Manhattan, Singapura

36) Nomad Bar, Nova York

37) PDT, Nova York

38) Mace, Nova York

39) Quinary, Hong Kong

40) Trick Dog, San Francisco

41) 69 Colebrooke Row, Londres

42) Dry Martini, Barcelona

43) Schumann’s, Munique

44) Zuma Dubai, Dubai

45) La Factoria, San Juan

46 Nottingham Forest, Milão

47) Tommy’s, San Francisco

48) Lost & Found, Chipre

49) Little Red Door, Paris

50) Dandelyan, Londres

Limão a 100 euros o quilo enlouquecendo cozinheiros

Dizem que o chef francês Alain Ducasse se gaba de conhecer praticamente tudo o que há no mundo capaz de ser levado à boca e que possa render pratos de sua alta gastronomia. Mas foi surpreendido recentemente por um feirante do mercado de Rungis, em Paris (que abastece os melhores restaurantes da cidade), ao ser apresentado ao limão-caviar. Além do formato longilíneo inusual para um cítrico, seu interior é uma surpresa só, com micro-grumos de cores diferentes e brilhantes, parecendo as famosas ovas. E o preço acompanha a comparação ao caviar: em torno de 100 euros o quilo.

O Citrus australasica só se tornou conhecido fora da Austrália há pouco tempo e é também conhecido como lima-caviar. Na França, chefs de todos os calibres o saúdam como “revolucionário” e um novo símbolo da “cozinha do século 21”. O gosto, dizem, é naturalmente cítrico e ligeiramente amargo, lembrando a toranja, mas com uma acidez mais baixa. Pode ser usado tanto em pratos salgados como doces – decorando e avivando o gosto de carpaccios de vieira ou peixe, cremes ou ganache de chocolate, por exemplo. Fora da Austrália, sabe-se que começa a ser cultivado em Israel e na Califórnia. Quem se habilita a plantar aqui o Citrus australasica?

Talento, a melhor solução

Atum grelhado www.plfoto.com.br
Atum grelhado www.plfoto.com.br

É comum ouvir que, em tempos difíceis, o melhor meio de enfrentar desafios é usar o talento. Isso é mais importante quando o produto final depende da habilidade humana e não da repetição de máquinas e robôs. Caso dos restaurantes, onde a técnica anda junto à sensibilidade de quem cozinha e finaliza os pratos. O restaurante paulistano Kaá, um dos mais bonitos da cidade com sua imensa parede de plantas vivas, ousou ao contratar o mestre Laurent Suaudeau para implementar seu novo cardápio e treinar a equipe comandada por outro grande chef, o italiano Massimo Barletti.

Leitão em 3 cocções www.plfoto.com.br
Leitão em 3 cocções www.plfoto.com.br

O resultado: uma culinária revigorada e atual, com muitos ingredientes brasileiros entrando de mansinho em criações deliciosas, como o atum grelhado ao vinagrete de semente de quiabo com gnocchi de mandioca e banana da terra (R$63); o leitão em três cocções acompanhado de batata rústica e farofa de banana (R$64); as sobremesas creme chocolate com paçoca de amendoim e emulsão ao leite de cumaru e caju cajuína com emulsão de cachaça e doce de leite (R$23). Esses e os outros pratos dessa nova fase do Kaá revelam uma feliz confluência de talentos, valorizando ainda mais a gastronomia de São Paulo.

Av. Juscelino Kubitschek, 279 – Vila Nova Conceição, tel, (11) 3045-0043

kaarestaurante.com.br

Você gosta de cerveja, cachaça ou vinho? E de queijos?

Então, há um livro novo para você curtir. Ideia: descobrir qual das três bebidas combina melhor com vários queijos feitos no Brasil. Ou vice-versa. “Queijos brasileiros à mesa”, da editora Senac, acaba de ser lançado unindo como autores dois craques em suas áreas: o mestre queijeiro Bruno Cabral e o grande sommelier Manoel Beato, um sabe-tudo quando o assunto é aumentar o prazer de comer e beber. Uma obra naturalmente deliciosa, com o currículo de uma série de queijos elaborados por aqui, por tipos (frescos, de massa filada, de casca lavada, com mofo branco ou azul, meia cura, curados, temperados, defumados), as diferentes maneiras de produzi-los, além de capítulos explicativos sobre as três bebidas e como elas se encaixam na harmonização com cada um deles.

Além do notório queijo Minas, o livro lista outros desconhecidos do grande público ou só familiares a algumas regiões brasileiras. Entre eles o Arupiara da Paraíba, o Braz mato-grossense, o Colonial gaúcho ou o Coração em Brasa da cidade paulista de Joanópolis. Várias outras dicas passeiam pelo livro: como cortar, comprar, conservar, as taças adequadas para as bebidas e sugestões de mesas de queijos para três ocasiões diferentes. Com fotos sugestivas de Luiz Henrique Mendes, o livro é uma “viagem” gostosa pelo mundo dos queijos, do vinho branco, tinto, espumante ou fortificado, de alguns tipos de cervejas estrangeiras (nessas, colaboração do especialista Cassio Piccolo) e de cachaças indicadas pelo tipo de madeira onde foram armazenadas (amburana, carvalho, bálsamo), além da branquinha. Tudo muito interessante e atual, menos o preço estipulado pela editora: R$114,90.