Afanar garfos e objetos caros em restaurantes. Mais comum do que se pensa

Roubos em restaurantes

Li recentes artigos sobre roubos em restaurantes e quase não acreditei. Isto é, eu cri (adorei esse pretérito perfeito, nunca havia usado) ao lembrar as queixas do dono de um antigo (e maravilhoso) restaurante tailandês em São Paulo, o Govinda, na rua Princesa Isabel, que trouxe de Londres os talheres de prata cuidadosamente garimpados em feiras e leilões. Não duraram muito, a cada dia sumiam em bolsas e casacos de gente que, óbvio, podia pagar as altas contas do restaurante.

Em tempos de roubos de bilhões de reais dos nossos impostos, pode ser um consolo (esquisito, claro) saber que os pequenos delitos (que antecedem os maiores?) ocorrem em outros países com maior peso histórico e civilizatório. Em maio passado, a revista francesa Paris Match, citando o SNI, um sindicato de restaurantes independentes, indicou que 9 entre 10 estabelecimentos do país se queixam de roubos de saleiros e pimenteiros (41%), objetos de decoração (35%), pães, manteiga e petiscos do couvert (33%), taças (23%) e cardápios (15%). Pão e manteiga no bolso ou na bolsa pro lanchinho da tarde? Deve ser isso.

Em Nova York, os donos do badalado restaurante japonês Megu descobriram que pratos de cerâmica feitos em Hiroshima e pintados à mão desapareciam dia após dia. Foram nada menos de 60 deles. Valor de cada unidade? 500 dólares.

A palavra cleptomania foi cunhada em 1816 pelo médico suíço André Matthey, vinda do grego klepto (eu roubo, eu escondo) e mania (distúrbio mental). Cleptomaníaco, portanto, é aquele que sente prazer em roubar e cleptocracias indicam governos regidos por ladrões.