Em meio a cenários deslumbrantes, o território neozelandês abriga três uvas principais: Sauvignon Blanc, Chardonnay e Pinot Noir, bem adaptadas ao seu clima frio. Dividido em duas ilhas, o país tem uma viticultura relativamente nova e suas duas principais regiões produtoras são Hawkes Bay (a sudeste da Ilha Norte) e Marlborough (a nordeste da Ilha Sul). Otago, no extremo sul, também é importante. O frio ajudou na escolha da Pinot Noir como principal variedade para os tintos e a Nova Zelândia se orgulha hoje de apresentar uma produção com identidade própria, em que o frutado sempre presente nesse vinho ganha um sutil contorno de madeira para a harmonia dos taninos.
Apresento 10 vinhos de produtores com reputação garantida e que mostraram a boa hora neozelandesa no mercado, embora os preços por aqui não sejam tão amigáveis, comprometidos pelo frete de longa distância e, claro, pelos impostos brasileiros. A classificação vai de uma a 5 estrelas (ruim, regular, bom, ótimo, excelente).
Vinhedos Isabel, Marlborough
Felton Road Bannockburn 2010
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Do produtor de mesmo nome, região de Central Otago, 14% de álcool. Aroma denso de frutas negras e cogumelos antevendo o sabor bem concentrado, com taninos e acidez coerentes, final longo. US$ 113.50 (Mistral)
Greywacke 2011
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Do produtor Kevin Judd, região de Marlborough, 14% de álcool. Uma boa impressão inicial de amora e framboesa em aroma dosado pelo tostado apetitoso. Suculento ao paladar, com taninos e acidez equilibrados. R$ 238 (Casa Flora/Porto-a-Porto)
Saint Clair Pioneer Block 2011
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Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. Boa expressão frutada, com amora e especiarias. Um ligeiro tostado aparece ao longo da degustação e, junto com os taninos e acidez precisos, torna esse vinho muito agradável. R$ 146 (Grand Cru)
The Crossings Reserve 2010
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De Awatere Valley, Marlborough, 14,5% de álcool. Confirma a vocação do país para a produção da Pinot Noir, aqui em grande estilo com aroma sedutor de frutas vermelhas e leve madeira, taninos e acidez agudos, gastronômicos. R$ 230 (MaxBrands)
Isabel 2005
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Do produtor de mesmo nome, região de Marlborough, 13,5% de álcool. Esse vinho prova que a tampa metálica de rosca funciona bem. Seu aroma e sabor ficaram preservados, com frutas passas (ameixa, figo), um toque de canela e taninos e acidez sensíveis. US$ 79.90 (Mistral)
Framingham 2008
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Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. A sugestão frutada é evidente, com framboesa e cereja em primeiro plano, seguida pelo corpo médio envolto por taninos e acidez bem comportados. R$ 162 (Zahil)
Schubert 2009
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Do produtor de mesmo nome em Wairarapa, região de Martinborough, 15% de álcool. Aroma elegante de frutas vermelhas maduras, sabor acompanhando essa característica em meio a taninos e acidez moderados. R$ 127,90 (World Wine)
Sileni The Plateau 2012
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Do produtor de mesmo nome, região de Hawke’s Bay, 13% de álcool. Tradicional aroma de frutas vermelhas com alguma incidência terrosa. Taninos e acidez em pacata harmonia para uma permanência prazerosa. US$ 49.90 (Mistral)
Brancott Letter Series T 2012
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Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. As frutas vermelhas maduras insinuam o sabor amável, com taninos e acidez indulgentes no corpo médio, final com alguma sugestão de baunilha. R$ 112 (Casa Flora/Porto-a-Porto)
The Crossings 2011
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De Awatere Valley, Marlborough, 14% de álcool. Frutas negras e madeira em primeiro plano, evoluindo para leve sugestão de cacau em meio a taninos macios e acidez flexível. R$ 140 (MaxBrands)
A francesa Syrah teve seu nome adaptado para Shiraz, na Austrália, e os vinhos elaborados com ela são hoje a mais perfeita tradução vinícola do país. A sua introdução por lá foi iniciativa do escocês James Busby, que coletou mudas de videiras na Europa, principalmente na França e Espanha. E uma das variedades escolhidas foi a Syrah do sul francês, que Busby descreveu à sua maneira como Scyras ou Ciras. As mudas foram plantadas no Jardim Botânico de Sidney e no vale de Hunter, levadas depois para todo o sul da Austrália. Sua adaptação foi boa e ao longo do tempo tornou-se a uva emblemática do país, representando hoje a maior área plantada.
Entre suas principais regiões produtoras estão os vales de Hunter, Barossa, Clare e McLaren, no sul; a Península Mornington e o vale de Yarra, em Victoria; Rio Margaret e vale de Swan, no oeste do país. De acordo com a OIV, Organização Internacional da Vinha e do Vinho, a Austrália é atualmente o sexto maior produtor mundial de vinhos.
A seguir, minhas considerações sobre vários vinhos australianos no mercado brasileiro. A classificação vai de uma a 5 estrelas (ruim, regular, bom, ótimo, excelente).
Eight Songs Peter Lehmann 2009
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Do vale de Barossa, 14,5% de álcool. Mostra consistência e desenvoltura com aroma e corpo reacendendo a frutas escuras em compota e madeira, taninos e acidez bem assentados. R$ 326,80 (Decanter)
Tournon Shay’s Flat 2012
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Do produtor M. Chapoutier, Victoria, 14% de álcool. Vinho confortável, com aroma e gosto lembrando frutas negras em compota, pontinha de pimenta, bem equilibrado. US$ 86.50 (Mistral)
Green´s Vineyard Kilikanoon 2007
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Do vale de Barossa, 14,5% de álcool. Aroma poderoso lembrando várias frutas negras maduras, além de madeira e chocolate. Taninos e acidez uniformes, longo final. R$ 336,90 (Decanter)
Elderton 2010
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Do produtor de mesmo nome, vale de Barossa, 14,5% de álcool. Aroma de frutas negras e chocolate com fundo meio defumado. Taninos e acidez em boa composição. R$145 (Magnum)
Schild Estates 2009
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Do vale de Barossa, 14,5% de álcool. Aroma penetrante de frutas negras maduras (sobretudo amora) antevendo taninos meigos e gosto de longa duração. R$ 137,30 (Decanter)
Bloodstone 2010
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De Gemtree Vineyards, McLaren Vale, 14,5% de álcool. Aroma influente de frutas negras e chocolate, ligeira especiaria, taninos e acidez estáveis, gostoso. US$ 59.90 (Vinci)
Koonunga Hill 2009
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Do produtor Penfolds, de Adelaide, 13,5% de álcool. Frutas vermelhas e baunilha na sequência aromática, corpo médio com equilíbrio de taninos e acidez. R$ 105,90 (Todovino-Interfood)
Heartland 2010
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Do produtor de mesmo nome, vinhedo de Langhorne Creek, 14,8% de álcool. Aroma lembrando pimenta-do-reino, borracha e anis ao fundo, taninos cordiais. R$ 95 (Grand Cru)
Mitolo Jester 2010
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Do produtor de mesmo nome, do McLaren Vale, 15,2% de álcool. Aroma declarado de frutas negras e cravo, taninos e acidez fluindo bem na boca. R$ 110 (Casa Flora/Porto-a-Porto)
Tournon Mathilda 2012
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Do produtor M. Chapoutier, Victoria, 14% de álcool. Aroma fresco de frutas vermelhas e um tantinho de especiaria, corpo médio com taninos e acidez bem colocados. US$ 42.25 (Mistral)
Jacob´s Creek Reserve 2011
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Do produtor de mesmo nome, vale de Barossa, 14,1% de álcool. Aroma de frutas negras e toques defumados, corpo médio com taninos e acidez amáveis. R$ 97 (Casa Flora/Porto-a-Porto)
Whiz Bang 2013
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Do produtor Angove, vale de Barossa, 14,5% de álcool. Vinho alegre, com frutas vermelhas ao olfato, corpo espelhando a sensação leve. Para beber resfriado. R$ 89 (World Wine)
Long Row 2013
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Do produtor Angove, região meridional da Austrália, 14,5% de álcool. Fresco e jovial, com aroma frutadinho, corpo também ligeiro. R$ 59 (World Wine)
The Footbolt 2009
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Do produtor d’Aremberg, do McLaren Vale, 14,5% de álcool. Aroma persistente de frutas vermelhas, corpo médio, taninos e acidez ainda muito ativos. R$ 128 (Zahil)
O que é o tal do vinho redondo que agrada tanta gente, chegando à boca sem muita acidez ou aquele travo provocado pelos taninos? O que faz um vinho seco passar essa sensação agradável ao paladar? O segredo dos enólogos: provocar mais uma fermentação no vinho, chamada de malolática. É usada em quase todos os vinhos tintos – raramente nos brancos – após a fermentação alcoólica, na qual as leveduras transformam o açúcar do mosto (uvas esmagadas) em álcool. Uma vez terminado esse processo, o enólogo pode provocar essa segunda fermentação usando bactérias láticas vendidas por laboratórios, como a Oenococcus Oeni, que converterão o ácido málico (que tem aspecto de cristais brancos e sabor bem azedo) em ácido lático (do latim lactis, leite), mais ameno. Resultado: menor grau de acidez. Além disso, a fermentação malolática pode interferir no aroma e gosto do vinho. Mal controlada, pode provocar a degradação de outras substâncias, como o ácido cítrico, fazendo o vinho ir para o vinagre. Se tudo for feito direitinho, teremos um produto feito sob medida para quem gosta de vinho que desce redondo e macio.
O frio está chegando e a vontade de esquentar momentos com um tinto é tentadora. E ainda por cima, evitando o mau colesterol enquanto se mastiga a carne vermelha preferida. O vinho tinto é sempre a boa solução. Cientistas fizeram uma pesquisa com um grupo de voluntários dando a eles somente carne de peru durante quatro dias, sem vinho. Com os exames, descobriram que um composto chamado malondialdeído (MDA) em sua corrente sanguínea modificou os níveis de colesterol, aumentando-os.
Mas quando um grupo menor formado pelos mesmos indivíduos da experiência anterior comeu carne vermelha pelos mesmos quatro dias, junto a uma taça de vinho tinto, seus níveis de colesterol não aumentaram e, em alguns casos, até diminuíram.
A revelação é do professor Ron Cohen, do Instituto de Pesquisas de Drogas da Universidade Hebraica de Jerusalém, justificando que os antioxidantes do vinho tinto, conhecidos como polifenóis, barraram a ação nociva de compostos da carne que se acumulam na corrente sanguínea, aqueles responsáveis pelo mau colesterol. Eles foram absorvidos no intestino e não entraram na corrente sanguínea.
Conclusão: peru no Natal e carne vermelha com vinho tinto nos outros santos dias.
São Paulo sempre produziu vinhos em cidades próximas à capital, quase sempre a partir de uvas híbridas, doces e mais apropriadas ao consumo direto. Por isso a expressão “suave” no rótulo da maioria deles. Por não estar situado nas regiões do planeta tradicionalmente associadas ao cultivo de uvas viníferas, o Estado parecia condenado a ter sua imagem associada aos fermentados populares, baratos. Mas eis que a pesquisa e a tecnologia sacodem a tradição e uma vinícola com instalações modernas e consultoria internacional se instala em Espírito Santo do Pinhal, com resultados surpreendentes.
Chama-se Guaspari, da família de mesmo nome com várias atividades empresariais e que tinha ali uma fazenda de café. A intenção inicial era de apenas plantar uma espécie de labirinto paisagístico com videiras nobres, encomendadas em 2005 à Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). O sucesso no cultivo foi grande e família pensou então em implantar um verdadeiro vinhedo. Mas havia uma encrenca: o ciclo de cultivo no Brasil, país tropical, faz com que o ponto máximo de maturação das uvas ocorra durante o verão, quando chove muito, atrapalhando não só a colheita como o próprio desenvolvimento das viníferas, que ficam muito vulneráveis a fungos.
E então a Epamig comunicou à família Guaspari suas pesquisas de inversão do ciclo de plantio, com duas podas dos galhos. Sempre há uma poda após a colheita em qualquer vinhedo do mundo, mas o pulo do gato estava no segundo corte, normalmente feito em janeiro, “enganando” a planta. Ela volta a brotar em seguida, floresce nos dois meses seguintes e os cachos se formam no período praticamente sem chuva no Sudeste brasileiro, a partir de abril. São dias ensolarados e com noites frescas, diminuindo a incidência de doenças e permitindo a plena maturação das uvas nos meses de julho e agosto.
As variedades plantadas foram as tintas Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Syrah e as brancas Sauvignon Blanc, Viognier e Chardonnay, em 50 hectares lado a lado com cafezais e também oliveiras. Os primeiros vinhos estão agora no mercado: o Syrah Vista da Serra e o Syrah Vista do Chá, safra 2011, e o branco Sauvignon Blanc 2012. Com consultoria do norte-americano Gustavo Gonzalez, ex-enólogo da tradicional Robert Mondavi Winery e atualmente proprietário de vinícola na Califórnia, os vinhos lançados surpreendem agradavelmente, sobretudo os Syrah, amadurecidos em barricas especiais de carvalho francês Taransaud (cada uma custou R$4.500). Têm boa textura, são aromáticos e de sabor marcante, em nada devendo a bons vinhos com essa uva feitos nos países do chamado Novo Mundo vinícola. O Sauvignon Blanc tem acidez adequada, cristalino e gostoso.
Eles estão na carta de alguns restaurantes de São Paulo (Fasano, Maní, Piselli e Vinheria Percussi são alguns deles) e podem ser adquiridos na importadora Rouge Brasil www.rougebrasil.com tel. (11) 3887-4444. Os tintos custam R$129 e o branco R$89. Outros lançamentos ocorrerão no segundo semestre deste ano. As instalações da fazenda, a cerca de 200 km da capital, são lindas e a partir dos próximos meses a vinícola irá receber grupos de até 20 pessoas para visitas com horário e data previamente definidos. Os interessados poderão obter mais informações pelo e-mail contato@vinicolaguaspari.com.br
Comemos bacalhau o ano todo, graças a Deus, mas a Semana Santa ainda motiva o comércio a faturar mais e nós só reclamamos do preço, não da oportunidade de vê-lo novamente no prato. Consagrado pelos portugueses, seu acompanhamento óbvio na taça é o vinho, de preferência vindo da querida terrinha. Branco ou tinto? À parte teorias complicadas de harmonização, o que vale mesmo é o gosto pessoal adquirido nas vezes em que comemos o divino peixe. Mas quem deseja algumas dicas, eis:
– os brancos mais densos, aqueles de cor amarelada, aguentam bem o tranco com essa carne de consistência e sabor únicos. A típica indicação aponta para vinhos com Chardonnay, mas a Encruzado, uva bem portuguesa da região do Dão, é uma bela escolha. Opção: Quinta do Cerrado Encruzado 2012, importado pela Adega Alentejana.
– os tintos que melhor se encaixam com o bacalhau são aqueles com taninos e acidez vívidos (os de sabor macio não funcionam) para contrastar com a carne gorda e o azeite inevitável. Além do Dão, os tintos da Bairrada com a uva Baga são especialmente indicados, como o Vinhas Velhas Luis Pato 2009, da Mistral.
– na dúvida, um bom espumante sempre irá alegrar o ambiente e a combinação com o “fiel amigo”, como dizem os portugueses. Dica: espumante Kompassus Blanc de Noirs Brut 2009, com Baga, Pinot Noir e Touriga Nacional, da Decanter.
Este é um assunto delicado, naturalmente, mas não deixa de ser uma alegria ver cientistas sempre descobrindo que o álcool em doses sensatas traz algum bem à saúde, sobretudo como antioxidante dos vasos sanguíneos. Agora, foram além: uma pesquisa japonesa sugeriu que o consumo de álcool também pode ajudar a prevenir ou restringir o endurecimento das artérias que levam o fluxo sanguíneo ao cérebro, aumentando o QI. E o que isso significa a mais? Somos mais inteligentes que os abstêmios!
Brincadeira, claro, mas vejam também as conclusões de pesquisas realizadas na Inglaterra e Estados Unidos. Elas acompanharam adolescentes de 14 a 16 anos, em cinco categorias cognitivas: “muito chato”, “chato”, “normal”, “brilhante” e “muito brilhante”.
O Estudo Nacional Longitudinal de Saúde do Adolescente (Add Health), feito nos Estados Unidos, foi retomado sete anos depois e a conclusão foi “clara e até monótona”, segundo os pesquisadores: os jovens melhor avaliados anteriormente pela capacidade de aquisição de conhecimento, agora maiores de idade e com desempenho escolar bom, bebiam mais, socialmente, que os menos inteligentes. E no Reino Unido o Estudo Nacional de Desenvolvimento Infantil até chegou a um dado concreto, talvez por repetir a pesquisa aos 20, 30 e 40 anos dos voluntários: os “muito brilhantes” cresceram consumindo oito décimos de uma medida padrão de álcool a mais que os “muito chatos”.
No Japão, os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciências da Longevidade em Aichi, perto de Tóquio, testaram o QI de 2.000 pessoas entre 40 e 79 anos de idade e chegaram à conclusão de que homens que bebiam até 540 mililitros de saquê ou vinho por dia tinham um QI 3,3 pontos maior do que os abstêmios ou dos que não bebiam regularmente. Nas mulheres bebedoras, o índice marcou 2,5 pontos a mais.O álcool sempre esteve presente na vida da humanidade e, segundo a revista americana Psychology Today, há uma abordagem evolutiva para explicar isso. Segundo ela, há 10.000 anos nossos ancestrais teriam recebido sua cota de álcool ao comer frutas podres, em estado de fermentação. Daí para imaginar que a humanidade evoluiu por causa disso não custa nada. Afinal, beber entre amigos e família, com bom senso, só aumenta o bem-estar e, principalmente, o bom humor. Tim tim!
É muito interessante perceber quando o vinho está dialogando bem com a comida. Mas isso não deve ser uma preocupação excessiva, que acabe tirando o prazer na hora de escolher o cardápio em casa. Em pequenas regiões da Europa a regra é uma só: comer o que é produzido ali junto ao vinho local. E todos são felizes para sempre. Nos restaurantes, podemos dialogar com o sommelier porque nem sempre sabemos os ingredientes das receitas, mas em casa o critério passa a ser nosso. A seguir, dicas para facilitar a preferência pelo vinho que irá acompanhar algumas preparações que, em geral, são servidas nas boas ocasiões da vida.
Ballotine de salmão do The Tasting Room do hotel Le Quartier Français, África do Sul
Foie gras: champanhe safrado (grand millésime), Gewurztraminer Vendanges Tardives, vinhos doces naturais Barsac ou Sauternes e ainda o Tokay húngaro.
Presunto cru de Parma ou San Daniele: brancos secos, como um bom Pinot Grigio italiano ou champanhe rosé safrado.
Pâtés, terrines de carne e embutidos: vinhos tintos mais encorpados, como os franceses Madiran ou Cahors, um português de vinhas velhas do Douro ou do Alentejo, um espanhol de Ribera del Duero ou um Cabernet Sauvignon premium do Chile.
Salmão defumado: champanhe, Riesling grand cru da Alsácia ou Riesling Qualitätswein mit Prädikat da Alemanha.
Grelhados do Elena, rest. do hotel Four Seasons de Buenos Aires
Frutos do mar, peixes e crustáceos
Coquilles Saint-Jacques: branco seco como Chablis, Sauvignon Blanc da Nova Zelândia, champanhe brut.
Camarões: a maior parte dos brancos secos de boa estrutura, como o Chardonnay da Bourgogne ou da Califórnia.
Lagostins: um branco ou um rosé delicados, ambos da Provence francesa.
Lagosta: vinhos brancos aromáticos, como Châteauneuf-du-Pape; um excelente Albariño espanhol ou Alvarinho português e ainda, para atingir a perfeição, os grandes champanhes safrados.
Ostras e mexilhões: Chablis de preferência, mas vai bem com um espumante de alta qualidade, como um Franciacorta italiano, um cava espanhola ou um brasileiro elaborado pelo método tradicional.
Bacalhau: brancos de forte estrutura, como os do Alentejo e do Douro, ou tintos de respeito da Bairrada.
Peixes grelhados: vinhos brancos secos (Riesling alemão ou alsaciano, Sauvignon Blanc do Loire ou os bons portugueses com as uvas Arinto e Antão Vaz).
Peixes ao molho ou com creme: pedem vinhos brancos encorpados, com Chardonnay ou Viognier. E para quebrar regras, um tinto mais ligeiro, com Pinot Noir.
Salmão grelhado: vinhos brancos de grande estrutura, como Montrachet e Condrieu, da França, ou os espanhóis com a uva Godello, de Valdeorras.
Frango assado da rotisseria Felice e Maria, de Massimo Ferrari – SP
Aves
Ao molho de vinho: coq au vin, galinha d´angola, perdiz, faisão e pombo ficam bem com Pinot Noir.
Peru: branco como o francês Sancerre; tintos como o Barolo italiano ou os melhores com a uva Zinfandel da Califórnia.
Pato assado: tintos fortes e equilibrados como os graúdos do Douro, Portugal; Hermitage ou Pauillac, da França.
Confit de pato: tintos encorpados, como os franceses Madiran, Cahors e Saint-Émilion. Afinal, são vinhos de regiões próximas a essa iguaria típica do Périgord.
Magret de pato: tintos como o Mercurey, da Bourgogne; com a uva portuguesa Touriga Nacional ou com um Carmenère de primeira classe do Chile. Como opção, um rosé da denominação francesa Bandol.
Carnes
Costeletas de cordeiro: vinhos tintos não muito fortes por seus taninos, como um Malbec premium da Argentina.
Gigot de cordeiro: essa carne nobre pede os grandes tintos de Bordeaux, sobretudo do Médoc; os melhores da Rioja, Ribera del Duero e Priorat, da Espanha; um Shiraz de exceção da Austrália; um supertoscano.
Vitelo: vinhos tintos amáveis, com Pinot Noir ou mesmo um cru do Beaujolais e vinhos brancos densos e aromáticos, como o Vouvray francês.
Carnes vermelhas de cozimento ao vinho: vinhos do Sul da França, como Gigondas, Côte-Rôtie ou Bandol. E bons tintos em geral com Cabernet Sauvignon e Merlot. Em geral, acompanhe com o mesmo tinto usado no cozimento: um boeuf bourguignon feito com Pinot Noir pede um Bourgogne, naturalmente, e se o vinho for Cabernet, a mesma coisa. E, claro, o vinho que vai na taça deve ser superior àquele empregado na panela.
Pratos de caça – Bordeaux encorpados, espanhóis de Rioja, Ribera del Duero, Priorat; os grandes Syrah do Rhône e da Austrália, alentejanos com Alicante Bouschet e Aragonês.
Ravioli de ricota e limão siciliano do Fasano – SP
Massas
É absolutamente natural que os vinhos italianos sejam os mais indicados para acompanhar as massas, pizzas e assemelhados, dentro do espírito de complementaridade determinado pela tradição. É comum dizer que os vinhos da Bota são feitos essencialmente para a mesa – é uma grande verdade, a acidez de boa parte deles é, antes de mais nada, gastronômica.
Churrasco
Diante de um suculento pedaço de carne instintivamente pensamos em beber vinho. O truque de nosso cérebro: a gordura da carne pede a adstringência de um vinho, preferencialmente tinto, para haver equilíbrio no paladar. Por isso, os vinhos com Tannat, especialidade do Uruguai e também com bons representantes na Campanha Gaúcha, são bem indicados.
É a boca que envia a mensagem, segundo os cientistas da Universidade de Rutgers, de New Jersey, e do Centro Monell para os Sentidos, da Filadélfia. Ela fica imediatamente interessada na acidez do vinho quando recebe um bocado de carne, como a picanha, justificando o que afirmou Paul Breslin, da Rutgers University: “A oposição entre as sensações gorda e adstringente nos permite comer alimentos ricos em gorduras mais facilmente se ingerimos também o adstringente com eles”.
Queijos
Eles foram feitos um para o outro e em países como a França e os outros europeus de língua latina são obrigatórios. Sobretudo associados ao vinho. Mas como é enorme a quantidade tanto de queijos quanto de vinhos, procura-se normalmente fazer a harmonia entre eles usando-se estes conceitos:
– queijos frescos com pouco sal (Minas, ricota, cream cheese) pedem vinhos brancos macios, pouco ácidos;
– queijos frescos salgados ou de meia-cura (Feta grego, mussarela, Serra da Canastra) se acomodam bem com tintos jovens;
– queijos de massa mole branca (Brie, Camembert, Boursin, Banon, Chabichou) ganham na presença de tintos jovens elegantes, como os da Bourgogne, ou brancos com Sauvignon Blanc;
– queijos de massa mole amarelada (Serra da Estrela, Taleggio, Brie e Camembert maturados, Livarot, Reblochon, Torta del Casar espanhol) vão bem com tintos encorpados, mas não muito antigos;
– queijos de massa com média consistência (Tilsit, Gouda, Gruyère, Emmental, Provolone) pedem tintos ligeiros;
– queijos envelhecidos de massa dura (parmesão, Pecorino, Manchego) solicitam tintos bem estruturados, consistentes;
– queijos de massa picante, como os azulados (Roquefort, Bleu de Bresse, Gorgonzola, Stilton, Danish Blue) pedem vinho do Porto, jerez oloroso e outros doces naturais como o Sauternes;
– queijos de leite de cabra gostam de brancos encorpados ou tintos leves.
Biscuit ao sabor cítrico do rest. Villa Florentine, de Lyon, França
Sobremesas
A maioria delas recebe bem a companhia de vinhos doces naturais: Sauternes, Montbazillac e vinhos vendanges tardives da França; os moscatos em geral (o italiano de Pantelleria, por exemplo); os moscatéis de Setúbal, Portugal, os champanhes e bons espumantes demi-secs. Quanto ao chocolate, no geral vai bem com um vinho do Porto vintage ou com o Banyuls francês.
8 pedaços de frango / 2 doses de cachaça envelhecida (uma para marinar e outra para flambar) / 1 garrafa de vinho tinto encorpado / 1 cebola média picada / 4 dentes de alho picados / 200 gramas de bacon em pedacinhos / 2 colheres (sopa) de farinha de trigo / 2 xícaras de caldo de galinha / 1 bouquet garni (folhas de louro, alecrim ou tomilho e talos de salsinha amarrados) / 2 colheres (sopa) de massa de tomate / 250 gramas de champignons cortados ao meio / 250 gramas de mini-cebolas, descascadas / sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer
Coloque o frango para marinar no vinho e na metade da cachaça junto com o alho, a cebola, o louro e o tomilho, de preferência de um dia para o outro, na geladeira. Retire o frango da marinada e enxugue cada pedaço com toalha de papel. Em uma panela grande, frite o bacon em fogo médio até ficar crocante. Acrescente o frango e doure por 6 a 7 minutes. Polvilhe com a farinha, mexa bem e em seguida coloque o alho, a cebola e refogue até ficar macio. Flambe com a outra dose de cachaça, deixe evaporar e adicione a marinada, o caldo de galinha, o bouquet garni e a massa de tomate. Cubra com a tampa ligeiramente aberta e cozinhe em fogo baixo por 45 a 50 minutos. Tempere com sal e pimenta a gosto. Adicione os cogumelos e as mini-cebolas e aumente o fogo para médio, com a panela sem tampa, por cerca de 15 minutos ou até que as cebolas estejam macias e o molho tenha reduzido um pouco. Sirva o coq au vin com batatas gratinadas ou spaghetti na manteiga.
Você está pensando em dar flores no primeiro encontro com a mulher desejada? Esqueça. Mire-se no exemplo das mulheres italianas e ofereça um vinho no mínimo ótimo – em qualquer situação ou local.
Foi o que revelou esse curioso estudo encomendado a uma empresa de pesquisas pela vinícola Pasqua Cantine e Vigneti. O resultado foi exatamente o que a empresa esperava: sete de cada 10 mulheres do país revelaram que o segredo para serem conquistadas é a escolha certa do vinho por parte do pretendente. É tiro e queda.
Mas cuidado com a queda. Beber demais no primeiro encontro é o que mais desagrada as mulheres (72% delas disseram odiar essa atitude, que revelaria a insegurança do aspirante aos seus carinhos). Pedir o vinho sem sequer perguntar a opinião dela a respeito também desagrada metade das mulheres e 44% afirmaram achar deselegante que suas taças sejam preenchidas sem que sejam consultadas. O “esperto” estaria querendo embebedá-las para facilitar o percurso seguinte?
O que viria a seguir pode ser provocado, segundo as vibrantes italianas, se além de fazer uma boa escolha do vinho o homem souber fazer a combinação correta com os pratos. É a opinião de 56% delas, enquanto 58% afirmaram categoricamente que o comportamento do homem no primeiro encontro revela muito de sua personalidade e ajuda a definir se querem ou não continuar o relacionamento.
Uma encrenca para os homens italianos, famosos por seus galanteios e jogos de charme, é que a grande maioria de suas conterrâneas se declara expert (51%) ou conhecedora (29%) das sutilezas do vinho. Não dá para vacilar. Ou então o jeito é procurar a minoria que revelou gostar do usual buquê de flores.
Aqui no Brasil o conhecimento da nobre bebida se torna cada vez mais expandido e é certo que as mulheres têm olfato e paladar mais apurados que o homem, sobretudo por estarem acostumadas, desde jovens, a identificar perfumes e cosméticos diversos.
E como a sensibilidade feminina também é decisiva nesses momentos, muito cuidado, amigo. Converse com ela sobre o vinho a ser tomado e, caso esteja inseguro, chame o sommelier. Se algo der errado, você poderá jogar a culpa nele e talvez salvar o segundo encontro.