Um dado inquietante revelado recentemente pela União Europeia da Propriedade Intelectual: anualmente a Europa perde um bilhão e 300 milhões de euros com falsificações de vinhos e destilados.
O país onde isso mais ocorre é a Espanha, onde as empresas legalmente instaladas perdem a cada ano 263 milhões de euros com produtos adulterados, enquanto o governo deixa de arrecadar 90 milhões de euros em impostos. Depois da Espanha estão na lastimável lista: Itália, Alemanha, França e Reino Unido.
Isso é um sério problema porque nem sempre conseguimos detectar se um vinho ou destilado é ou não original. A falsificação de uisques sempre foi algo manjado, mas é mais camuflada e difícil de perceber no caso dos vinhos, embora haja uma pista: a falsificação atinge em sua maioria os vinhos caros, bem caros. Aí, quem pode comprar tem de ficar esperto e confiar no fornecedor.
Que não poderia ser Rudy Kurniawan (foto), indonésio que durante vários anos enganou muita gente graúda e foi condenado em 2014, em Nova York, a 10 anos de prisão por falsificar “perfeitamente” grandes vinhos franceses da Bourgogne e Bordeaux, como Romanée-Conti ou Petrus. O cara chegou a ser considerado um dos cinco maiores experts de vinho do mundo e montou na sua casa, em Arcadia, Califórnia, um laboratório onde tudo era fajuto: rótulos, capsulas, rolhas e, nas garrafas, vinhos apenas bons, mas longe da categoria do original.
Ninguém notou nada nesses anos todos e Rudy Kurniawan sentiu-se seguro para ir mais longe, ao ano de 1929. Ele ofereceu para leilão em Nova York um lote de 97 garrafas de Bourgogne do Domaine Ponsot, estimado entre 440.000 e 602.000 dólares. Único probleminha: a safra era de 1929, mas os vinhos Ponsot só começaram a ser engarrafados em 1934. Foi-se a vida de muito luxo que Rudy, 37 anos à época, levava.
Grato, caro. Abraço
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Mauro, grande história! Deliciosa. Parabéns!
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