Se você acha que há muita frescura no ato de cheirar e bochechar o vinho antes de bebê-lo, imagine então entregar as sensações iniciais a uma máquina tipo Nespresso, a “D-Vine”, uma engenhoca moderna que “prepara” o líquido antes de você levá-lo à boca e ainda libera uma série de informações sobre ele através de um chip.
A máquina, lançada pela startup francesa 10-Vins, baseada em Nantes, funciona como as de café com a cápsula. Um tubo de vidro e alumínio de 100 ml (equivalente a uma pequena taça) que vem com o vinho previamente escolhido é colocado e a seguir ele é agitado, criando a sensação de que foi decantado por três horas. Em seguida, passa por um módulo térmico que esquenta ou diminui sua temperatura, de acordo com o tipo (branco, tinto, região de origem etc). E antes de chegar à taça na base, o chip indica como servir aquele vinho e, através do celular de quem vai beber, permite o acesso a um vídeo do vinicultor ou aos comentários de um sommelier de carne e osso.
Minha opinião? Acho que esse excesso de informação e trique-trique tecnológico pode representar uma quebra de expectativa em relação ao maior prazer que o vinho reserva: a surpresa, a descoberta, o encantamento por sua qualidade, tudo temperado pela humana conversa.
O preço inicial da máquina é de 499 euros e os tubinhos com os vinhos (cerca de 30, franceses, inclusive de Bordeaux e Bourgogne) custam de 2 a 16 euros, segundo a 10-Vins.
Ainda em dúvida sobre boas borbulhas para as festas e o verão? E com preço atrativo? Uma opção tranquila é o Cavas Hill que, como o nome aponta, é um cava (espumante) espanhol, da Catalunha. São feitos com uvas de nomes curiosos para nós: Xarel-lo, Macabeo e Perellada, e o método de elaboração é o mais sofisticado, o champenoise, pelo qual a segunda fermentação responsável pelo surgimento do gás carbônico provocador das borbulhas acontece lentamente na própria garrafa.
O Cavas Hill 1887 Brut tem a acidez agradável que se espera dessa bebida ligada às comemorações, à piscina e à praia, mas com uma estrutura de gosto bem definida, gostosa e alegre lembrando frutas maduras. Vai bem como aperitivo e frutos do mar. Custa em média R$74.
E o Cavas Hill Vintage Brut Reserva, também com as três uvas citadas, tem aquele aroma atrativo de pão recém saído do forno, além de frutas secas que se refletem no paladar. Isso se deve sobretudo aos 15 meses da segunda fermentação nas caves subterrâneas da vinícola, uma das mais tradicionais da região catalã de Penedès. Peixes grelhados e no forno, além de aves, apreciam sua companhia. Seu preço médio é de R$128.
Isso acontece, por exemplo, quando é lançada uma edição de Dom Pérignon, como acaba de acontecer com a safra de 2006. E por que tal safra chega aqui em 2015? Pelo espaço de tempo. Um período de mágica, em que cada garrafa adormece por no mínimo 7 anos, para que sua lenta e encantadora segunda fermentação aconteça – a primeira ocorre ao se fazer os vinhos “normais” (que os franceses chamam de “tranquilos”) que serão misturados de acordo com o savoir-faire do enólogo e em seguida engarrafados junto com fermentos, iniciando o processo de formação de gás carbônico, as famosas borbulhas que o deixarão… “intranquilo”.
Esse é o processo sistematizado por Dom Pérignon no final do século 17 na abadia de Hautvillers, ali ao lado da sede da Moët&Chandon, empresa que iniciou a prática de ter um vinho ícone e safrado em 1921. Para entender a importância disso, vale notar que a imensa maioria dos champagnes não tem a safra estampada no rótulo, sendo mistura de vinhos de diferentes anos. Mas, quando a natureza ajuda – ou parece que o monge dá uma forcinha – as uvas atingem a maturação perfeita e permitem chegar a essa versão especial que homenageia o bom homem. Nesse caso, só as uvas daquele ano podem ser utilizadas.
Feito com Chardonnay e Pinot noir em proporção que Richard Geoffroy, o maître de chai responsável por sua elaboração não gosta de revelar, o Dom Pérignon 2006 tem aroma elegantíssimo de delicadas frutas cítricas com faíscas florais, oferecendo alto e duradouro frescor ao paladar. Com este 2006 a Moët&Chandon, do grupo LVMH, comemora outro acontecimento raro: pela primeira vez na sua história, ela coloca no mercado 5 safras seguidas de seu ícone, sequência iniciada em 2002. Não é muito comum que isso aconteça, ainda mais em uma região vinícola como a Champagne, de clima nem sempre amigável.
Outro lançamento recente é o Dom Pérignon rosé 2004 feito com Pinot Noir (este dormita 9 anos nas caves), muito aromático e também de rara elegância, conjugando impacto gustativo lembrando frutinhas vermelhas e pomelo com finesse declaradamente feminina.
A raridade desses champagnes determina seus preços: Dom Pérignon 2006, R$700 e rosé, R$1.300.
Lançado há alguns meses na Espanha por quatro jovens que ainda não chegaram aos 30 anos, o vinho Gïk está enfrentando seu primeiro verão europeu ainda cercado de curiosidade e alguma desconfiança. Mas os estudantes da Universidade do País Basco não estão nem aí para as críticas quanto às virtudes enológicas de seu produto e pedem que as pessoas “esqueçam que estejamos falando do líquido que representa o sangue de Cristo na missa”. Para eles, Gïk “não é um vinho azul, mas sim a representação do que nos move: a rebeldia criadora”.
Ele é docinho e tem 11,5 graus de teor alcoólico, feito com uma mistura de uvas brancas e tintas com a adição de antocianinas (pigmentos naturais presentes na casca das uvas) e, pulo do gato, com pigmentos indigo responsáveis pelo azul cobalto do líquido. Nenhum dos jovens tem experiência vinícola e a pesquisa foi desenvolvida por uma empresa de inovação basca, a Azti Tecnalia. E fazem questão de dizer que não têm escritório fixo, fazendo vendas por smartphone, internet ou e-mail. Agora, esperam atravessar o próximo inverno e esperar o verão de 2016 para saber se a vida vai estar bem azul para eles.
Muito, principalmente se ele é do hemisfério norte, onde o humor da natureza é mais instável do que no sul e provoca grandes oscilações na maturação ideal das uvas, ora com chuvas fortes ora com calor excessivo. Observe essa tabela com as notas de 1 a 5 das regiões vitícolas da França e verá que há grandes mudanças de ano a ano em cada uma delas, mesmo em um país de tamanho médio como a França, proporcional a Minas Gerais.
A região de Bordeaux, por exemplo, não chegou a ficar inteiramente feliz com as safras de 2006 a 2008, mas foi abençoada pelos céus em 2009 e 2010, voltou a níveis apenas aceitáveis em 2011 e 2012 e foi castigada duramente em 2013. O principal reflexo é nos preços, razoáveis nas safras idem e estratosféricos nas excelentes. Portanto, nem sempre o preço bom de uma garrafa vinda de uma região de prestígio é garantia de líquido decente. Essa tabela foi publicada originalmente pelo jornal Le Figaro: 5 indica uma safra excepcional, 4 ótima, 3 boa, 2 média e 1 fraca.
O vinho português Buçaco: quanto mais velho sempre melhor
A questão: abrir a garrafa e esperar uma ou duas horas melhora o vinho? Sim, ele ganha muito com isso, a aeração de suas moléculas libera os aromas e torna o sabor mais agradável. Isso é bem evidente com os tintos encorpados de safras recentes, que se tornam menos ásperos, ou menos tânicos. Suas garrafas devem ser desarrolhadas de 2 a 4 horas antes de serem servidos, com um pano ou guardanapo limpos em cima do gargalo para evitar a entrada de mosquitos alcoólatras…
Os tintos mais comuns e baratos também dão uma melhoradinha se abertos uma hora antes, tempo que também ajuda os brancos encorpados que passaram por estágio em madeira, tipo Chardonnay. Agora, se você não quiser esperar, despeje o vinho em um decanter e agite-o um pouco. Nada disso – tempo e decantação – vale para os espumantes em geral, por motivos óbvios: as bolhinhas irão alegremente para o espaço.
Quanto aos tintos mais antigos a história é outra, sendo bom passá-los para um decanter, filtrando a borra e eventuais pedacinhos da rolha. E não se deve esperar muito para levá-los às taças – se a lufada de ar faz bem aos jovens, podem levar os muito velhos para o vinagre em alguns minutos.
Baco, meu deus!, não precisa exagerar na dose. Sei que nem sempre dá para controlar, principalmente se o vinho é dos deuses. Mas sua cara aí… vá devagar e confira aqui o TOP 10 das boas coisas que o vinho traz para a nossa saúde.
Memória tinindo
A velha frase “beber para esquecer” pode ser aplicada a variados graus de dor de cotovelo, mas não para quem bebe vinho como um grupo de senhoras inglesas com cerca de 70 anos, que sorveram regularmante uma taça e depois se lembraram de mais coisas (do arco da velha?) do que aquelas que ficaram na água, coitadas.
Trânsito melhor para as artérias
Os famosos antioxidantes do vinho são os soldados do bom combate contra artérias entupidas por feijoada, torresmo, frituras de calibres diversos e outras delícias – iguais ou melhores.
Até favorece o regime
A temível dilatação abdominal de quem bebe vinho moderamente é menor do que a daqueles que entortam a caneca com outros álcoois. Simples: uma taça de vinho queima mais calorias do que igual quantidade de aguardente ou cerveja.
Sono mais tranquilo
Uma ou duas taças de vinho algum tempo antes de dormir levam as pessoas aos braços de Morfeu mais serenamente, graças à melatonina presente na bebida. Quem enche a cara também acaba dormindo, mas no dia seguinte…
Imunidade adquirida
Sábado pé na jaca com embutidos e enlatados? Beba uma taça de vinho tinto antes: ajuda na prevenção de infecções alimentares do tipo salmonelose.
Bom para os ossos
É para todos, mas sobretudo para as pessoas idosas, mulheres à frente, contra os males da osteoporose. Esta tem explicação científica bacana: o vinho aumenta o estrogênio, que controla a atividade dos osteoclastos, células cujo papel é remover o tecido do osso velhusco.
Xô, tumor!
Os antioxidantes e fitoestrógenos encontrados no vinho ajudam a prevenir o câncer de ovário, segundo estudos feitos por cientistas australianos e de vários outros países. As mulheres que bebem regularmente uma taça de vinho têm 50% menos chances de desenvolvê-lo.
Menos rugas, pele mais clara
Alguns SPAs enchem suas banheiras com vinho tinto (pode mergulhar, mas e se ele for bom?). Novamente os antioxidantes irão fazer bem, desta vez para retardar um pouquinho os efeitos do envelhecimento. Mas cuidado: dormir na banheira faz voltar o enrugo.
Sorria com seus dentes limpos e brilhantes
Os polifenóis, ou compostos fenólicos, são outro tipo de substâncias antioxidantes que abundam no vinho tinto. Deixam as gengivas mais fortes e protegidas de inflamação, além de reforçar o esmalte dos dentes. Detalhe: o vinho tem de ser bom e feito com uvas viníferas, não aquele meio doce que deixa a língua roxinha…
Seus cabelos estão lindos!
O resveratrol presente no vinho tinto é um amigo dos cabelos, impedindo carecas prematuras e permitindo melhor circulação dos vasos sanguíneos, o que reduz pra caramba o risco de caspa. Vai uma massagem na cuca com Merlot?
Todas essas conclusões foram baseadas em diferentes estudos científicos em vários países e alguém mal-humorado pode não gostar (azar dele). No mínimo, o vinho nos deixa mais felizes em companhia dos amigos e da família e isso é sempre bom para a saúde. Em tempo: a ilustração do Baco grogue, provavelmente no dia seguinte a uma poderosa festa báquica, está na parede de entrada da vinícola Cortes de Cima, no Alentejo, Portugal.
As prateleiras dos supermercados e os sites das importadoras estão repletos de rótulos. Qual escolher? Uma decisão nem sempre fácil, já que o vinho surpreende a cada safra e a qualidade é distinta. Aqui, quatro sugestões de tintos para os dias frios que estão aí. Para variar, incomoda o preço dos estrangeiros, por conta dos nossos indecentes e mal usados impostos (que o Congresso acabou de aumentar ainda mais!) e de uma burocracia que exaspera os importadores. Descobrir o quanto custam em lojas na Europa, já com o lucro da vinícola e do vendedor final, incomoda tanto quanto um vinho ruim.
Alves Vieira 2013 **
Um tinto do Alentejo, da vila de Vidigueira, com Trincadeira, Touriga Nacional e Alicante Bouschet, 13% de álcool. Não maturou em barrica e por isso é simples e gostoso, com cheiro de frutas vermelhas e gosto equilibrado. Para o dia a dia, pratos simples: arroz, feijão, bife e batata. Preço justo. R$48, importado por La Pastina
Bueno Paralelo 31 ***
Nem todos gostam do estilo do narrador Galvão Bueno, mas seu vinho é bom. Com Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot da região do Seival, na Campanha Gaúcha, com clima mais favorável aos vinhedos, 14% de álcool. Aroma e gosto de média intensidade, vai bem com carnes vermelhas grelhadas. Da Bueno Wines, R$95. Não poderia ser mais barato?
Esporão Reserva Tinto 2012 ***
Da vinícola alentejana de mesmo nome, com Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Trincadeira e outras. Frutado denso e gostoso de beber, sem taninos incomodando as papilas. Um bom acompanhante para cordeiro e cabrito assados. Mesmo com os impostos, vale o preço. R$134, da Qualimpor.
Emilio Moro 2010 ***
Tinto espanhol de Ribera del Duero com a uva Tinto Fino, como a Tempranillo é chamada na região, 14,5% de álcool. Aroma e corpo lembrando frutas negras, como amora, e também um tantinho de baunilha. Desce agradando e se dá bem com carnes de panela, mas daria mais prazer se custasse um pouquinho menos. R$143,50, da Épice
Corredor biológico da vinícola Emiliana: proteção natural
“Um vinho biodinâmico não é necessariamente bom, mas é sempre autêntico”. É o que diz o papa do biodinamismo nos vinhedos, o francês Nicolas Joly. Verdade ou consolo? Dificilmente alguém conseguirá identificar, numa degustação às cegas, quais são os vinhos resultantes de plantações onde não entram pesticidas, fungicidas, inseticidas ou herbicidas. E vice-versa. A informação prévia, então, é fundamental para a opção pelos vinhos que a irreverência brasileira qualifica como naturebas.
De certa forma a frase de Joly responde à questão do título. O vinho que expressa uma concepção sustentável da terra, tratada com respeito e dedicação pelo vinhateiro, pode não ser uma grande maravilha, mas satisfaz a quem preza a saúde e assume uma firme atitude sócio-ambiental. (Qualidade não é problema para Joly: seus vinhos, elaborados no Vale do Loire, são espetaculares, os brancos Coulée de Serrant e Savennières). Na França, ainda, o Domaine Liger-Belair, da Bourgogne, se destaca pela prática sustentável, produzindo ótimos tintos, importados pela Mistral
Coulée de Serrant, de Nicolas Joly: a natureza como ela é
Na realidade, não é o vinho que é orgânico, natural ou biodinâmico – esses termos se referem aos métodos de plantio biológico e não ao processo de vinificação, no geral semelhante aos outros. Os orgânicos só usam adubos naturais (compostos) e não permitem defensivos industriais no vinhedo e nem leveduras químicas para a fermentação, mas aceitam o uso moderado de enxofre contra um dos males mais comuns nas plantações, o oídio (fungo) e também a velha calda bordalesa (sulfato de cobre, água e cal) contra o míldio, outra espécie de fungo que ataca a videira em regiões mais úmidas. Além disso, não aceitam organismos modificados geneticamente (OGM). Só não conseguem deixar de usar o fungicida e bactericida SO2 (anidrido sulfuroso) para a conservação do líquido.
Os vinhos “nature” ou naturais também seguem a maioria das práticas dos orgânicos e sua diferença principal reside no fato de que seus autores/enólogos dispensam a moderna tecnologia na adega e no laboratório – fazem vinhos como seus avôs, usando mais a intuição e respeitando o que determina a natureza a cada safra.
Domaine Liger-Belair, na Bourgogne: tratores banidos
O método mais radical é o biodinâmico, com base nas teorias (controvertidas, para muitos) de Rudolf Steiner, filósofo, educador, esoterista, criador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf e da agricultura biodinâmica, entre outras atividades, divulgadas por ele em 1924 e que dá ênfase às influências cósmicas no manejo das plantações.
Uma das vinícolas que seguem com rigor as indicações de Steiner é a chilena Emiliana, pertencente ao grupo Concha y Toro mas com independência administrativa e de filosofia de trabalho. Em seus vinhedos em Los Robles e Casablanca, chama atenção imediata uma espécie de “galinheiro móvel”. O enólogo Cesar Morales me explicou que as aves são empregadas para comer um inseto que só existe no Chile, o “burrito de la vid”, que ganhou esse nome por sua cor cinza. As galinhas são recolhidas no fim do dia e de manhã são levadas aos locais onde se percebe a presença da praga, que se desenvolve na terra, junto às raízes, e depois sobe para atacar folhas e frutos.
Galinheiro móvel da Emiliana, Chile
De acordo com Morales, a opção pela cultura biodinâmica ocorreu em 1998 depois que o agrônomo responsável pelos vinhedos se queixou de irritações na pele e nos olhos, logo após suas inspeções nos terrenos, provocadas pelos pesticidas. A transformação foi gradual, com a adoção das práticas indicadas por Steiner, como a infusão da planta valeriana para aspersão nas folhas, os compostos de camomila, urtiga, aquiléia e casca de carvalho como adubos e o quartzo em pó colocado em chifres de vaca, enterrado por 6 meses e depois misturado com água para pulverizar e, segundo a teoria de Steiner, energizar as parreiras. Ou ainda as flores de aquiléia, também chamada mil-folhas, se decompondo longo tempo dentro de bexigas de veado e usadas contra doenças da vinha. Algo mais prosaico e de bom resultado é a criação de “corredores biológicos” entre as fileiras, com plantas e flores que atraem os insetos muito mais que a videira. E tratores não são usados, cavalos fazem o serviço de aragem e puxam as carroças no interior dos vinhedos.
Flores de aquiléia em bexigas de veado
Os vinhos da Emiliana, eleita “Green Company of the Year” em 2012 pela revista inglesa The Drinks Business, têm um nível geral muito bom, desde os mais simples, como as linhas Adobe, com um bom Carmenère, e a Novas, com 7 rótulos, entre eles um cristalino Chardonnay e um convincente Pinot Noir, passando também pela Signos de Origen, com um delicioso branco, La Vinilla 2012. Seus vinhos ícones são o vigoroso tinto Coyam e o elegante Gê. São importados pela La Pastina.
Lá no começo falei que a informação prévia é necessária para se saber quais os vinhos são orgânicos ou biodinâmicos e aí está o problema: a legislação brasileira tem tantos entraves burocráticos para a certificação que os importadores desistem de incluir essa informação nos rótulos. Resta a nós, consumidores, pesquisar, perguntar. Além das importadoras citadas, também trazem vinhos com característica natural a Decanter, Grand Cru, Vinos e Vinos, De La Croix, En Primeur, Adega Alentejana e Wine & Co, entre outras.
E em São Paulo, um bom lugar para beber e conhecer mais sobre os naturebas é a Enoteca Saint Vinsaint, do competente sommelier Ramatis Russo, sempre apresentando degustações e palestras focados neles.
Você compra vinhos pela internet? Um item importante na hora de digitar os números do cartão de crédito no site é a oferta das importadoras, lojas e clubes de vinho. Mas o bom preço é suficiente? Não, é preciso um mínimo de informação sobre o vinho para saber se vale a pena arriscar o dinheiro nessas garrafas.
A internet vem sendo cada vez mais usada para essa checagem. O problema é a credibilidade de quem passa a informação. Tenho dado gostosas risadas quando amigos me repassam e-mails que recebem com vinhos em oferta, pedindo minha opinião. Respondo com prazer e até exercitando um pouco de sadismo, confesso, ao comentar em tom meio gaiato o texto grandiloquente e praticamente inverossímil sobre as supostas qualidades daquele vinho. O aroma tem isso e aquilo, o sabor é um espanto e o retrogosto, ah, o retrogosto, vai transportar o destinatário do e-mail a altiplanos de sensações. Tudo por R$29,90.
Nesses casos e para escapar da possível desova de estoques altos de vinhos meia-boca, a internet ganha importância para o filtro da informação, com a procura por opiniões independentes e objetivas. Pessoalmente, tento passar para o leitor questões básicas: a intensidade do aroma, o nível de acidez e de taninos (que influenciam demais na qualidade) e se o vinho oferece uma sensação boa e possivelmente duradoura depois de bebido. Mais do que isso é um aditivo do qual o leitor pode ou não desconfiar. O ideal, talvez, seria fazer como o vendedor de uma loja de bebidas no Mercadão de São Paulo, que ouvi dando uma opinião definitiva a um indeciso cliente sobre certa garrafa. “Este vinho? É o bicho!”, disse ele. O cliente comprou.