Os novos vinhos alentejanos de quem é craque no Douro

 

Quinta da Fonte Souto - DS (2)

Pode um produtor transmitir a seus vinhos a simpatia que dissemina na companhia de outras pessoas? A resposta é positiva no caso de Dominic Symington, de uma linhagem escocesa que há cinco gerações faz vinhos no Douro com a Symington Family Estates, dona de 27 propriedades na região. Ele esteve aqui para apresentar os vinhos da 28ª casa da família, a primeira fora do famoso território do Vinho do Porto: a Quinta da Fonte Souto, no Alentejo.

Quinta da Fonte Souto - DS (1)Empolgado com a nova experiência, Dominic contou que a Quinta está em Portalegre (serra de São Mamede), em área de grande biodiversidade, incluindo uma reserva com castanheiras e sobreiros. No jantar que comemorou 25 anos de parceria entre a Symington e a importadora Mistral, ele foi direto do aeroporto para o restaurante e, sem demonstrar cansaço, parecia uma criança feliz ao mostrar seus novos presentes de Natal. E com razão. Fugindo um pouco do estilo mais severo de boa parte dos alentejanos, os novos vinhos se valem do microclima mais arejado da Serra de São Mamede para mostrar frescor e animação em seu resultado final. Talvez, algo a ver com o Douro. Vamos a eles.

Quinta da Fonte Souto Florão 2018, um branco ágil de aroma e gosto com as uvas Arinto e Verdelho (R$162,17)

Quinta da Fonte Souto Florão 2017, tinto frutado e com presença discreta de madeira, feito com Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Alfrocheiro, Syrah e Alicante Bouschet (R$162,17)

Quinta da Fonte Souto 2017, delicioso branco com Arinto (75%) e Verdelho, lembrando tranquilamente um bom Bourgogne (R$280,28)

Quinta da Fonte Souto 2017, tinto gostoso e elegante baseado na uva Alicante Bouschet, com aporte de Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Alfrocheiro e Syrah (R$280,28)

Quinta da Fonte Souto Vinha do Souto 2017, estrela da companhia com Alicante Bouschet e Syrah, um tinto equilibrado exibindo frutas negras e suave madeira (R$769,79)

Seria ótimo se esses vinhos tivessem preços mais simpáticos, tal qual o dono, mas aí vem o custo Brasil com seus impostos indecorosos e avinagra tudo. Pelo menos no jantar, a noite terminou em néctar: foram servidos dois grandes Portos com a griffe Symington: o Graham´s 1994 Vintage e o Graham´s 1994 Single Harvest Tawny para lembrar a parceria de 25 anos com a Mistral.

Quinta da Fonte Souto - DS (3)

Novos e bons vinhos da Mistral

 

Mistral

A importadora Mistral tem há vários anos um catálogo respeitável, fruto do amplo conhecimento de vinhos do seu proprietário Ciro Lilla. A empresa alia produtos de imensa reputação, sobretudo europeus, a outros onde a qualidade é acompanhada por preços razoáveis. Recentemente, ela apresentou alguns novos lançamentos, dos quais destaco os seguintes:

Bordeaux Chevalier Lassalle 2015 – Corte de Cabernet Sauvignon (60%) e Merlot, com bom frutado, taninos firmes, gostosa presença na boca. R$75,40

Château Pilet 2014 – Com Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, é um Bordeaux ao estilo Novo Mundo, com aroma e gosto amáveis. R$89,18

Nuaré Pinot Nero/Merlot 2014 – Bela combinação das duas uvas pelo respeitado produtor Livio Felluga, de Friuli, na Itália. Vinho delicioso. R$206,24

Eleivera 2013 – Vinho feito no Douro, Portugal, pelo conhecido produtor francês Michel Chapoutier. 100% Touriga Nacional, elegante e equilibrado. R$137,38

Carmen Gran Reserva Carignan 2014 – Boa surpresa da Viña Carmen com a Carignan cultivada no Vale de Maule, Chile. Aroma de frutas maduras, corpo envolvente. R$137,38

Allo Alvarinho/Loureiro 2015 – Ótima mescla das duas uvas típicas do Minho, região dos vinhos verdes, pela Quinta do Soalheiro. Um vinho delicado, feminino, de fina acidez. R$102,95

La Camioneta Sauvignon Blanc 2016 – Da famosa Viña Montes, do Chile, um branco fresco e agradável com suas notas cítricas pronunciadas. R$65,08

Mosel Incline Riesling QBA 2015 – Alemão do produtor Selbach com o estilo típico da Riesling daquele país, com pegada mineral expressiva. R$102,95

Zeltinger Riesling S-O QBA Trocken Bomer 2015 – Do mesmo produtor acima e também do Mosel, mas com maior densidade de aroma e gosto. R$235,85

Côtes de Provence Grand Ferrage 2015 – Opção para os apreciadores de rosé, feito no Rhône por Chapoutier com várias uvas. Típico, levemente cítrico. R$147,71

A Mistral cota seus vinhos em dólar. Os preços acima em reais estão em seu site.

O contrato foi assinado num guardanapo. Está valendo há 25 anos

Catena vinhedo Adrianna

Esse é o começo de um negócio, em tese igual a qualquer outro, mas que o tempo revelou ser também um exemplo de correção e honestidade mútua. Estou falando da relação entre a importadora de vinhos Mistral e a vinícola argentina Catena Zapata.

Para celebrar essa espécie de bodas de prata, Ciro Lilla, o dono da Mistral, realizou uma bonita festa no Jockey Club de São Paulo, com a presença de Nicolás Catena e sua esposa Elena. Foi uma oportunidade especial para degustar alguns exemplares dessa vinícola, que chegou ao nível das melhores do mundo nas últimas décadas. Começando com dois de seus Chardonnay, o Angelica Zapata e o Catena Alta, ambos densos de aroma e sabor típicos da variedade, procedentes do excepcional vinhedo Adrianna, a 1.480m de altitude sob a vista gloriosa dos Andes (foto).

O Catena Alta Cabernet Sauvignon 2001, depois de 15 anos na adega da vinícola, estava vigoroso e ao mesmo tempo elegante; em seguida, o Catena Alta Malbec 1995, da reserva pessoal da família Catena, impressionou com seu frutado consistente e gosto que só os grandes vinhos revelam e, depois, o Nicolás Catena Zapata 2001 também atestou o grau de qualidade raro dessa bodega de Mendoza, com longa intensidade. O simpático Catena Sémillon Doux 2012 encerrou a noite, um vinho de sobremesa com equilibrada doçura.Catena

Por falar em simpatia, essa é uma característica de Nicolás Catena, de 76 anos, responsável por dar à Malbec o selo de qualidade garantida com seus vinhos fora do comum. Sua parceria com Ciro Lilla, da Mistral, começou com um acerto verbal à mesa de um restaurante em Mendoza e o contrato foi assinado em um guardanapo. Que vale até hoje, 25 anos depois – um bom exemplo de seriedade para empresários (e políticos) de ambos países.

Vinho comemora a fundação da importadora La Pastina 

1947 La PastinaCelso La Pastina, diretor da importadora La Pastina, e Luciano Ercolino, da vinícola italiana Vinosia se uniram para lançar no mercado o vinho “Dal 1947 Primitivo de Manduria DOP”, criado exclusivamente para a La Pastina homenagear o ano de sua fundação (1947).

O vinho feito a quatro mãos por Celso e Luciano passa agora a fazer parte do portifólio da importadora. “Trouxemos este rótulo, que marca a data da nossa fundação, e acreditamos no sucesso deste vinho por sua qualidade e imponência”, indica Celso La Pastina.

Produzido na região de Manduria (Puglia, sul da Itália), o Dal 1947 é feito com a uva Primitivo de um vinhedo da década de 40, localizadas em uma parcela demarcada da vinícola Vinosia, rebatizada hoje como Terre di San Vincenzo, que ganhou este nome em homenagem ao Sr. Vicente, fundador da La Pastina. “Neste pequeno pedaço de terra estão concentradas as melhores vinhas de Luciano Ercolino. Meu pai merecia uma homenagem à sua altura, além de um vinho exclusivo, sonho antigo da família La Pastina. Por isso, esperamos até encontrar o vinho certo que contasse a história e a tradição da La Pastina em cada gole”, afirma Celso La Pastina, indicando que o Dal 1947, tal como os vinhos dessa ensolarada região italiana, “tem aroma de cerejas e framboesas maduras, notas de chocolate e especiarias, como baunilha. Na boca é encorpado, com taninos macios e final persistente”.

O Dal 1947 pode ser encontrado nas principais lojas de vinho e empórios de todo Brasil ao preço de R$ 240,00

www.lapastina.com

Para alegrar o verão

Ainda em dúvida sobre boas borbulhas para as festas e o verão? E com preço atrativo? Uma opção tranquila é o Cavas Hill que, como o nome aponta, é um cava (espumante) espanhol, da Catalunha. São feitos com uvas de nomes curiosos para nós: Xarel-lo, Macabeo e Perellada, e o método de elaboração é o mais sofisticado, o champenoise, pelo qual a segunda fermentação responsável pelo surgimento do gás carbônico provocador das borbulhas acontece lentamente na própria garrafa.

O Cavas Hill 1887 Brut tem a acidez agradável que se espera dessa bebida ligada às comemorações, à piscina e à praia, mas com uma estrutura de gosto bem definida, gostosa e alegre lembrando frutas maduras. Vai bem como aperitivo e frutos do mar. Custa em média R$74.

E o Cavas Hill Vintage Brut Reserva, também com as três uvas citadas, tem aquele aroma atrativo de pão recém saído do forno, além de frutas secas que se refletem no paladar. Isso se deve sobretudo aos 15 meses da segunda fermentação nas caves subterrâneas da vinícola, uma das mais tradicionais da região catalã de Penedès. Peixes grelhados e no forno, além de aves, apreciam sua companhia. Seu preço médio é de R$128.

São importados pela Cantu: (11) 2144-4464 http://www.cantuimportadora.com.br

Vinhos para momentos especiais

A compra de vinhos para o dia a dia sempre leva em conta uma qualidade pelo menos razoável do líquido e um preço na mesma linha. Mas há ocasiões que merecem uma comemoração à altura da alegria que proporcionam. A importadora Decanter fez uma seleção de alguns de seus vinhos mais emblemáticos para uma degustação durante a Expovinis, realizada em São Paulo, e recolhi impressões sobre alguns que me me deixaram bela impressão.

Se você gosta de surpreender os convidados com vinhos incomuns, o Vinogradi Fon Vitovska 2012, um branco da Eslovênia, pode ser um bom começo. Vitovska é a uva, para um vinho bem seco, com fina acidez, perfeito para o aperitivo. R$276,60.

Em outro estilo, este mais frutado e com sabor concentrado de especiarias, está o Riesling Erstes Gewächs Hölle Trocken 2010, do produtor Franz Künstler, alemão de Reinghau. R$290,10.

O Ribolla Gialla Anfora 2006, do produtor Gravner, do Friuli, Itália, é também um branco de impacto no aroma e sabor amplos, diferente e longo na boca, lembrando ervas de tempero e damasco seco. R$485,20

O tinto Sassella Rocce Rosse Riserva 2001, da vinícola Ar Pe Pe, Lombardia, Itália, é um encanto e cativa com seu corpo equilibrado e seco, lembrando funghi porcini. Maravilhoso para quem aprecia vinhos de safras mais antigas. R$436,80

Outro tinto, este com a pegada portuguesa do Douro, é o Alves de Sousa Reserva Pessoal 2005, com uma densidade de aroma e sabor (frutas negras, cedro) que impressiona. Tem longa permanência. R$377,90

Para a sobremesa, para meditar e seguir com ele na memória por muito tempo: o branco fortificado Domingos Soares Franco Moscatel Roxo 20 Anos, da vinícola portuguesa José Maria da Fonseca. Poesia em estado líquido. R$632,80

E para terminar, ou começar, você acredita em um espumante italiano que rivaliza com os grandes champagnes millesimés? A vinícola Ferrari confirma a lenda do nome. Não faz bólidos, mas elabora borbulhantes espetaculares, de acidez perfeita e duradoura, como o Giulio Ferrari Riserva del Fondatore 2002. R$640,60

www.decanter.com.br

O perigo das ofertas de vinhos pela internet

Você compra vinhos pela internet? Um item importante na hora de digitar os números do cartão de crédito no site é a oferta das importadoras, lojas e clubes de vinho. Mas o bom preço é suficiente? Não, é preciso um mínimo de informação sobre o vinho para saber se vale a pena arriscar o dinheiro nessas garrafas.

A internet vem sendo cada vez mais usada para essa checagem. O problema é a credibilidade de quem passa a informação. Tenho dado gostosas risadas quando amigos me repassam e-mails que recebem com vinhos em oferta, pedindo minha opinião. Respondo com prazer e até exercitando um pouco de sadismo, confesso, ao comentar em tom meio gaiato o texto grandiloquente e praticamente inverossímil sobre as supostas qualidades daquele vinho. O aroma tem isso e aquilo, o sabor é um espanto e o retrogosto, ah, o retrogosto, vai transportar o destinatário do e-mail a altiplanos de sensações. Tudo por R$29,90.

Nesses casos e para escapar da possível desova de estoques altos de vinhos meia-boca, a internet ganha importância para o filtro da informação, com a procura por opiniões independentes e objetivas. Pessoalmente, tento passar para o leitor questões básicas: a intensidade do aroma, o nível de acidez e de taninos (que influenciam demais na qualidade) e se o vinho oferece uma sensação boa e possivelmente duradoura depois de bebido. Mais do que isso é um aditivo do qual o leitor pode ou não desconfiar. O ideal, talvez, seria fazer como o vendedor de uma loja de bebidas no Mercadão de São Paulo, que ouvi dando uma opinião definitiva a um indeciso cliente sobre certa garrafa. “Este vinho? É o bicho!”, disse ele. O cliente comprou.

Os vinhos com Pinot Noir da Nova Zelândia: frutados e elegantes

Vinhedos Sileni, Hawke’s Bay
Vinhedos Sileni, Hawke’s Bay

Em meio a cenários deslumbrantes, o território neozelandês abriga três uvas principais: Sauvignon Blanc, Chardonnay e Pinot Noir, bem adaptadas ao seu clima frio. Dividido em duas ilhas, o país tem uma viticultura relativamente nova e suas duas principais regiões produtoras são Hawkes Bay (a sudeste da Ilha Norte) e Marlborough (a nordeste da Ilha Sul). Otago, no extremo sul, também é importante. O frio ajudou na escolha da Pinot Noir como principal variedade para os tintos e a Nova Zelândia se orgulha hoje de apresentar uma produção com identidade própria, em que o frutado sempre presente nesse vinho ganha um sutil contorno de madeira para a harmonia dos taninos.

Apresento 10 vinhos de produtores com reputação garantida e que mostraram a boa hora neozelandesa no mercado, embora os preços por aqui não sejam tão amigáveis, comprometidos pelo frete de longa distância e, claro, pelos impostos brasileiros. A classificação vai de uma a 5 estrelas (ruim, regular, bom, ótimo, excelente).

Vinhedos Isabel, Marlborough
Vinhedos Isabel, Marlborough

Felton Road Bannockburn 2010

****

Do produtor de mesmo nome, região de Central Otago, 14% de álcool. Aroma denso de frutas negras e cogumelos antevendo o sabor bem concentrado, com taninos e acidez coerentes, final longo. US$ 113.50 (Mistral)

Greywacke 2011

****

Do produtor Kevin Judd, região de Marlborough, 14% de álcool. Uma boa impressão inicial de amora e framboesa em aroma dosado pelo tostado apetitoso. Suculento ao paladar, com taninos e acidez equilibrados. R$ 238 (Casa Flora/Porto-a-Porto)

Saint Clair Pioneer Block 2011

****

Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. Boa expressão frutada, com amora e especiarias. Um ligeiro tostado aparece ao longo da degustação e, junto com os taninos e acidez precisos, torna esse vinho muito agradável. R$ 146 (Grand Cru)

The Crossings Reserve 2010

****

De Awatere Valley, Marlborough, 14,5% de álcool. Confirma a vocação do país para a produção da Pinot Noir, aqui em grande estilo com aroma sedutor de frutas vermelhas e leve madeira, taninos e acidez agudos, gastronômicos. R$ 230 (MaxBrands)

Isabel 2005

****

Do produtor de mesmo nome, região de Marlborough, 13,5% de álcool. Esse vinho prova que a tampa metálica de rosca funciona bem. Seu aroma e sabor ficaram preservados, com frutas passas (ameixa, figo), um toque de canela e taninos e acidez sensíveis. US$ 79.90 (Mistral)

Framingham 2008

***

Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. A sugestão frutada é evidente, com framboesa e cereja em primeiro plano, seguida pelo corpo médio envolto por taninos e acidez bem comportados. R$ 162 (Zahil)

Schubert 2009

***

Do produtor de mesmo nome em Wairarapa, região de Martinborough, 15% de álcool. Aroma elegante de frutas vermelhas maduras, sabor acompanhando essa característica em meio a taninos e acidez moderados. R$ 127,90 (World Wine)

Sileni The Plateau 2012

***

Do produtor de mesmo nome, região de Hawke’s Bay, 13% de álcool. Tradicional aroma de frutas vermelhas com alguma incidência terrosa. Taninos e acidez em pacata harmonia para uma permanência prazerosa. US$ 49.90 (Mistral)

Brancott Letter Series T 2012

***

Da região de Marlborough, 13,5% de álcool. As frutas vermelhas maduras insinuam o sabor amável, com taninos e acidez indulgentes no corpo médio, final com alguma sugestão de baunilha. R$ 112 (Casa Flora/Porto-a-Porto)

The Crossings 2011

***

De Awatere Valley, Marlborough, 14% de álcool. Frutas negras e madeira em primeiro plano, evoluindo para leve sugestão de cacau em meio a taninos macios e acidez flexível. R$ 140 (MaxBrands)

Importadoras:

www.casaflora.com.br

www.grandcru.com.br

www.mistral.com.br

www.mxbrands.com.br

www.portoaporto.com.br

www.worldwine.com.br

www.zahil.com.br